sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Capítulo 5 - Del Glace


"Acordei desesperado, tive um péssimo sonho. Tudo que eu menos queria ouvir estava ali diante ao meus ouvidos "Não foi um sonho". Bom, pelo menos eles não viram o que eu vi. Se contasse a eles sobre a menina que anda aparecendo pra mim, sobre as vozes ardentes em minha cabeça, me chamariam de doido e me colocariam pra fora do estádio."



Londres, 4 de Janeiro de 2014.

Louis POV

     "Não fala com esse cara!"

 Meu nome é Louis Tomlinson.

     "Eu falei pra você não falar com esse cara"

     A voz ardia na minha cabeça como um fogo ardia na pele.

 - Oi Louis Tomlinson.  Sabe onde tem algum hotel pra mim passar a noite?

- Não sei... Estou com dor de cabeça.

     "Não fala com esse cara!"

- Melhoras... 

- Obrigado... - Disse eu tendo mais umas pontadas na cabeça.

     "Você me desobedeceu."

Haha. Muito engraçado. Como se eu fosse obedecer a uma vozinha na cabeça.

     "Não é apenas uma voz."

- De nada... Au! Meu ombro pesou agora! Parece que cansaram de segurar o céu e colocaram nas minhas costas... Eu realmente preciso de um hotel...

     Olhei para os ombros do menino e lá estava a menina que via ultimamente, brincando com os cachos do garoto, encima das costas dele.

     "E eu não sou apenas uma voz, eu sinto muito pelo seu engano. Por ter me desobedecido acontecerá uma coisa muito ruim quando seu celular tocar... Isso não é nem o mínimo que pode acontecer. Espero que me obedeça mais vezes, que a próxima vez essa desgraça pode acontecer com você."

     A menina sumiu dos ombros do menino e a dor de cabeça pareceu passar, por um segundo que fosse nesse o meu celular começou a tocar. Mas no tempo que eu dei pra me recuperar já fazia um tempo que estava tocando.

- Você não vai atender? - O menino perguntou.

    Eu estava tão concentrado nos meus pensamentos que nem me dei conta que era mesmo pra atender... Antes que pudesse atender o menino puxou o telefone de minhas mãos e atendeu.

- Alô??... Não, não, aqui não é Louis não... Aqui é o.... - Tentou o menino mas eu fiz de tudo pra ele disfarçar e dizer que eu estava dormindo. - Aqui é o secretário de quarto dele, é... Ele está dormindo... Aconteceu algo de grave??... Tudo bem aviso pra ele sim. - O menino desligou o telefone.

- Quem era?? - Perguntei.

- Jully... Julius sei lá... - Disse o menino me entregando de volta o celular.

- Meu técnico! O que ele disse?! 

- Olha... Eu não sei direito porque ele preferiu falar pessoalmente... Não parece coisa boa, é melhor você ir lá no estágio como ele pediu.

- Tá bom! Estou indo... - Eu disse e fui saindo.

     Depois lembrei que o menino não tinha pra onde ir às minhas vistas e impressões. Voltei com o olhar para trás e lá estava o menino, se sentando no meio fio com a cabeça baixa. Parecia estar secando as lágrimas do rosto. Ele levou as mãos ao lado direito do cabelo puxando a franja para o lado esquerdo e nisso inclinou a cabeça e seu olhar se encontrou a mim observando ele. Me aproximei.

- É... Qual seu nome? - Perguntei sentando me ao lado dele.

- Harry. - Disse ele.

- Acho que deve ter uns hotéis lá por perto do estádio... Quer ir comigo?? - Perguntei.

- Sério?! - Disse Harry animado. - Quero sim! Onde fica?? - Perguntou ele.

- Não muito longe! - Disse também animado. - Me segue! 

     No caminho comprei sorvete com o Harry e o filho da mãe jogou sorvete em mim joguei nele também. Passamos em um restaurante onde eu comprei água pra gente e peguei uns guardanapos, não podíamos chegar nessa situação no estágio. 
     A menina tinha sumido, a dor de cabeça também. Eu estava bem e me divertindo até entrar no estágio e ser parado pelo Julius desesperado. 

- Por que você demorou tanto, Louis?! Agora não dá mais tempo! - Disse decepcionado quase chorando me deixando agoniado.

- Mas... Mas o que aconteceu?! - Perguntei agoniado.

- O Jackson... O Jackson... Ele teve uma parada cardíaca e não aguentou... - Disse Julius se lamentando.

     Eu quase esbarrei no choro lá mesmo na entrada no estágio até lembrar:
     "Por ter me desobedecido acontecerá uma coisa muito ruim quando seu celular tocar"

     Juntei os pontos e fiquei desesperado, até lembrar: 
     "Espero que me obedeça mais vezes, que a próxima vez essa desgraça pode acontecer com você."

      Não aguentei e comecei a chorar.

- Mas o que está acontecendo??? - Perguntava Harry agoniado.

- Vem vamos entrar. - Disse Julius tentando se conter.

- Vem Harry! - Puxei ele pelo braço.

     Entramos no estágio indo direto pro vestiário, onde me deparei com Jackson deitado em um dos bancos, já sem respirar. Morto. Coloquei as mãos no rosto e só consegui chorar. Fora a parte de me sentir com a culpa.

- Não querendo ser egoísta... - Disse Damon Halmiton. - Mas temos que pensar em quem vai jogar no lugar de Jackson. - Completou.

- Não temos a menor ideia... Acho melhor cancelar a participação do nosso time. - Disse Julius.

- NÃO!! - Uma suposta reação de Harry me deixou surpreso.

- Quem é você? - Perguntou Damon.

- É meu amigo. - Eu disse ainda com a cabeça baixa.

- Eu posso substituir o Jackson! - Disse Harry.

- Pode? - Perguntei levantando a cabeça.

- Espera. Vocês se conhecem a quanto tempo? - Perguntou Julius.

- É... Desde... - Tentei e olhei pro Harry.

- Desde dos 11 anos. - Disse Harry.

- Mas você não era secretário de quarto do Louis? - Perguntou Julius. - Pelo o que me disse no telefone...

- Espera! - Disse Damon. - Jackson não me disse que tinha secretário de quarto.

- Contratei hoje! - Disse Louis.

- Isso está soando estranho... - Disse Julius. - Mas como não tem saída, vamos testar o  menino.

Bradford, 4 de janeiro de 2014.

Zayn POV

     Eu vi o rostinho de anjo dela e sorri como um bobo, eu estava sentado encima do meu skate com visão das meninas que passeavam com seus cachorrinhos. Mas a Chenny era a mais linda de todas.

- Ow louco apaixonado acorda aí! - Disse John.

- Bela tentativa de me chamar de louco apaixonado! - Eu disse. - Porque se forem escrever uma carta pra você vai começar com "Querido John." o livro mais meloso da época.

- E como você sabe?! Já leu?? - Perguntou John.

- Não... Porém já ouvi falar. - Disse rindo - Já soube notícias daquele teu amigo que desapareceu??

- Amigo do meu amigo.

- Tanto faz.

- Ainda não... A mãe dele procurou pela cidade toda e nada... E a namorada dele também parece que sumiu...

- Ahhh... quem dera eu sumir com uma namorada um dia...

- Isso nunca vai acontecer! - Disse John - Porque você é xonado na Chenny e ela não tá nem aí pra você... - John completou zoando. 

- Não existe só a Chenny de mulher nesse mundo... - Descontraído congelei ao olhar para uma árvore onde se encontrava uma garota sentada encostada escrevendo.

- Vai lá falar com ela... Parece que é uma garota nova aqui do bairro.

- Tudo bem. - Levantei.

     Fui em direção a menina rezando pra ela não ter o humor igual o da Chenny, porque senão eu tava era lascado. 

- Oi... - Disse eu.

- Olá. - Disse a menina formalmente ajeitando seus óculos e olhando para cima.

     Ela tinha os cabelos pretos, olhos meio cinzas, o óculos era de lente transparente, enquanto a borda era preta. Ela usava uma bermuda jeans que parecia confortável pra ela, uma blusa branca, suspensório preto, tênis preto e por pouco e passaria batido uma fitinha preta quase impercebível nos seus cabelos escuros.

- Qual seu nome? - Sentei ao seu lado enquanto ela fixou o olhar no céu parecendo pensar em algo.

- Charlotte Mason. Mas pode me chamar de Char, Lotie ou Tete...

- Gostei de Lotie. - Eu disse a menina sorriu voltando seu olhar ao caderno.

- O meu nome é Zayn. - Eu disse sem jeito. Nunca levei jeito pras meninas.

- Prazer Zayn. - Lotie disse levantando a cabeça fixando o olhar em mim enquanto falava e logo voltou ao seu caderno.

- Escrevendo no diário?? - Perguntei.

- Não é bem um diário.. É só um caderno que eu estou escrevendo umas lembranças não muito boas que eu tive na minha antiga cidade, e irei queimar as folhas depois.

- Nossa... Foi tão sério assim que fez sua família se mudar. - Mal terminei a frase e ela levantou rapidamente seu olhar para um ponto fixo.

- Na verdade eu fugi. - Disse ela levantando e eu acompanhei o movimento.

- Pra onde está indo?? 

- Pra casa. - Lotie saiu correndo.

- Ei, espera! - Ela ignorou minha voz no tom alto. - Nem me passou seu numero. - Disse num tom mais baixo.

- Eu ouvi isso! - Ela disse sem olhar para trás e seguiu seu caminho.

     Voltei para onde John estava.

- E aí cara? Conseguiu alguma informação??

- O nome dela é Charlotte Mason, posso chama-la de Char, Lotie ou Tete. Veio de outra cidade, quer dizer, fugiu de outra cidade e vai queimar as folhas do acontecido escrito no seu caderno.

- Já pode escrever uma Wikipédia viu Zayn!

- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA NO.

- Porra...

Mullingar 4 de Janeiro de 2014.

Niall POV

     Terminei o meu café da manhã e olhando pela janela minha esperança de que onde eu enterrei o Nico estaria intacto, mas não... O buraco estava aberto.
     Corri para o jardim que centralizava na frente da minha casa, olhei o buraco e saudades Nico. Não estava mais ali. Até que senti algo lambendo minha perna e um leve...

- Oi... - Era a mesma menina que me pediu informação, que me atropelou e que matou eu cachorro que por um  milagre estava ali lambendo minha perna.

- Oi! - Eu disse pegando Nico no colo.

- Fiquei preocupada com você ontem e vim até a sua casa o mais rápido possível mas já era muito tarde da noite e resolvi nem bater pra pedir desculpas. Até que eu ouvi um choro canino meio abafado e ...

- Isso é impossível!! Ele parecia morto. - Afirmei.

- Vai ver estava só desmaiado e na correria você não pode perceber.

- Mas..

- Meu nome é Carry. Carry Styller, prazer. 

- O prazer é todo meu, Niall Horan. 

- Bom.. Você foi pra escola ontem... - Disse Carry sentando-se no gramado e eu fiz o mesmo deixando o Nico ir brincar.

- Sim... - Afirmei eu.

- Mas não está tendo mais aulas ou está?

- É que... - Dei uma risada de leve - Estou de recuperação. 

- Ah sim... - A menina não se conteu e começou a rir.

- Que foi?? 

- Nada. - A menina disse me olhando, seu rosto era sereno e limpo.

- Bom... E você? O que faz aqui em Mullingar??

- Intercâmbio... 

- Ah sim... Deu pra perceber o seu sotaque. 

- Pois é...

"Woof woof woof"

     Nico latia pro nada e eu achei meio estranho até que ele veio até nós e começou a latir também. 

- Acho que ele está chamando a gente. - Disse Carry.

- Então vamos atrás dele.

     Fomos atrás de Nico e entramos em um beco, que só era escuro demais pra estar de dia.

- Não tem nada  aqui. - Disse Carry.

- É... parece que está vazio.

     Nico latiu para cima  onde vimos uma escada que dava direito a uma janela que cujo a cortina acabava de se mexer.

- Será que ele quer que a gente suba?? - Perguntou Carry.

- Eu subo. - Disse eu tentando levantar a perna para o degrau da escada que ficava um tanto longe do chão mas por motivos do acidente de ontem senti uma pontada na barriga e não pude evitar o gemido de dor.

- Deixa que eu vou. - Carry subiu as escadas até lá encima.

    Nico não parava de latir e Carry chegou até a janela. Nico se calou por uns estantes, ouvi um barulho de vidro sendo quebrado. Carry despencou das escadas lá encima e por um estante vimos Nico latindo desesperadamente de novo enquanto Carry caia no meu colo.

     Sai daquele beco correndo com Carry desmaiada em meus braços.

Wolverhampton, 4 de Janeiro de 2014.

Liam POV

     Muito legal isso. Meu avô me proibiu de ver Jasmyn. Mas eu precisava, tinha de ter como. Fui no banheiro lavei o rosto até que vi um vulto passar por detrás de mim, pelo espelho.  Sacudi minha cabeça, não devia ser nada demais.
     Saindo do banheiro esbarrei com alguém. Fui pro lado esquerdo, esse alguém foi também, fui pro lado direito e esse alguém foi também. Até que parei para reparar o rosto desse alguém. Levantei devagar a mão direita aberta enquanto esse alguém fazia o mesmo, era como um espelho. Olhei nos olhos dele, peguei no meu cabelo e ele me imitava em tudo que eu fazia. Era eu, uma cópia de mim.

- Não se assuste.

- Não estou assustado. - Menti.

- Sou a sua cópia. Prazer, Liam.

- Tá, tá bom "cópia" - Fiz aspas com os dedos - O que está fazendo aqui??

- Bom... Vim pra lhe ajudar.

- Me ajudar?! Em que?

- Com a Jasmyn.

- Ah é.. Droga! Meu avô me proibiu de vê-la. 

- Mas eu tenho um jeito! - Disse a minha cópia tramando e eu olhei torto já imaginando.

- Não é o que eu estou pensando não, né?! - Perguntei.

- Mas claro! Seu avô também é medium, ele pode me ver...

- Mas ele vai desconfiar que não sou eu. Até porque eu sou humano e você é uma miragem. - Falei.

- Tá bom, não esfrega na cara que dói. - Disse minha cópia e eu fiz cara de desentendido - E aí? Vai topar?? Eu fico deitado, fingindo que sou você dormindo seu avô não vai precisar me tocar.

- Tá bom, tá bom! Mas só pela Jasmyn. - Afirmei.

     Vesti uma blusa xadrez verde com branco, uma calça jeans e um tênis qualquer. Peguei o papel com o endereço localizado do carro e sai pela janela.

     Andei pelas ruas tranquilamente até achar Jasmyn, sentada na calçada, como sempre.

- Por que demorou tanto? - Perguntou ela.

- Desculpe. Tive uns problemas com meu avô... Mas nada demais.

- Tudo bem Liam... Conseguiu o endereço?

- Sim. 

- Então vamos!

- Espera... Você pode ir??

- Sim, se eu pegar na sua mão, você pode me levar até lá. Afinal meu corpo está lá.

- Tudo bem vamos.

     Passando-se uns minutos, chegamos na tal casa. Ela estava conservada. Pareciam ter reformado recentemente. E tinha um carro...

- Olha!! Aquele carro que trouxe meu corpo pra cá! - Disse Jasmyn.

- Essa casa é grande! Você tem ideia de onde seu corpo está? - Perguntei.

- Não faço a mínima ideia. Mas devo estar dentro de alguma coisa que conserve órgãos.

- Tipo uma geladeira? - Perguntei porque não entendia bem do assunto.

- É... Tipo isso. - Afirmou ela.

     Demos passos largos e devagar, até que alguém abriu a porta da enorme casa, ou melhor, mansão. 

- Se esconde! - Jasmyn tentou me empurrar mas deu deu muito certo. Porém eu consegui elevar meu corpo para trás de uns arbustos a tempo da mulher não me ver.

     Pelas brechas dos arbustos eu via a mulher que parecia muito má, sua aparência me lembra a Cruella De Vil do 101 dálmatas. Sua voz era irritante como o despertador na matina. 

- Anda Roney!  Precisamos chegar a tempo. - Ouvi a voz da mulher irritante de longe.

- Eles vão sair. - Jasmyn disse parada ainda no mesmo lugar.

- Quem é Roney? - Perguntei.

- Shiu! - Jasmyn me fez sinal de silêncio.

     Roney logo apareceu. Ele tinha o estilo meio Elvis Presley, que logo se dirigiu ao carro e o ligou, dando a meia volta e ficando em direção aos portões. Agora já sei porque eu e Jasmyn... Pelo menos eu consegui entrar. Eles estavam saindo e por isso os portões pretos estavam abertos dando-nos passagem. 
     O carro logo passou perto dos arbustos que já ficavam após e bem perto do portão, não demorando muito pro carro sair. 

- Tá! Eles foram, é nossa chance!! - Disse Jasmyn que saiu correndo em disparada para a porta da casa e eu fiquei ali parado que nem um bocó vendo os portões se fecharem.

- Como nós vamos sair daqui depois?? - Perguntei indo em direção a Jasmyn.

- Se eu fosse você não me preocupava muito com isso não hein. 

- O que quer dizer com isso?? - Jasmyn apenas abaixou a cabeça e riu colocando a mão na boca.

- Toma isso. - Ela tirou um grampo dos cabelos e me deu ele em minhas mãos. O grampo que por um passe de mágica ao deslizar em minhas mãos tornou-se tocável e real. Parecia sonho.

     Após enfiar o grampo na fechadura da porta e com muito esforço, conseguimos entrar. A casa era sombria e estranha. Os quadros na parede pareciam não ver um pano humido há anos, os sofás estavam todos destampados. O lugar era seboso e nojento, cheio de caveiras, pareciam mais que tínhamos entrado no trem fantasma. Mas ainda sim a televisão era plasma, HD e parecia 3D também. Era uma mistura de coisas eletrônicas com móveis velhos. E a casa só era reformada por fora, deu pra ver isso subindo as escadas. Estava tudo muito silêncio.

"nhec"

     Ouvindo esse barulho Jasmyn se assustou.

- O que é isso? - Perguntou ela quase sussurrando em meio o silencio.

- Foi só o meu peso contra os degraus dessa escada que... 

     Fui brutalmente interrompido pela escada que se rompeu quebrando totalmente o silêncio. Simplesmente abriu-se um buraco na escada, devido ao meu peso, eu estou tão gordo assim?! A escada que é fraca mesmo, foi pedaço de madeira impodrecido pra tudo quando foi lado, dei sorte que como sou muito gato eu caí em pé. Ali é como se fosse um porão.

- LIAM!!! VOCÊ ESTÁ BEM NÉ?? - Perguntou desesperada Jasmyn lá de cima.

     Olhei pra ela, olhei pro lado e me assustei dando perfeitamente um grito alto e grosso.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHH! 

     Vi o corpo de Jasmyn dentro de uma enorme tigela transparente parecidas com aquela que tem na sua cozinha com biscoitos dentro pequenininha. Mas essa era tamanho real. Agora vocês me perguntam porque eu gritei tanto vendo isso. Agora eu respondo pra vocês que a tigela era tamanho real, do tamanho da Jasmyn, com o corpo dela lá dentro sendo conservado.

- Desce aqui!! - Disse eu gritando para cima. - Achei seu corpo.

     Jasmyn simplesmente pulou, nesse barulho todo veio o cachorrinho latindo. Um poodle cinza escuro que parecia envelhecido. O latido dele também era irritante, ardia com cada miolo do seu cérebro. 

- AI MEU DEUS MEU CORPO!! ACHEI ACHEI!! - Disse Jasmyn.

- De nada. 

- Obrigada Liam! - Disse ela.

- O que faremos agora com esse cachorrinho latindo???

- Ai meu Deus! É mesmo! - Disse Jasmyn - Esse é o cachorrinho cão de guarda, tem um chip dentro dele, é como se fosse um alarme. Se a casa for invadida ele late trazendo Del Glace de volta!!

- Del Glace?? Esse é o nome dela?? 

- Sim! Mas não temos tempo pra pensar nisso. - Disse Jasmyn tentando pegar um banco - Droga! Esqueci que não posso tocar em coisas reais. 

- Eu ajudo! - Peguei o banquinho.

- Sobre encima dele e abre a tampa da tigela. 

- Sério isso?? - Perguntei.

- Muito sério!! Anda Liam! Estamos correndo contra o tempo.

- Tá bom, tá bom!!

     Abri a tampa da tigela que fedia como algo tão podre que eu nunca tinha sentido antes.

- Rápido empurra a tigela!! - Disse Jasmyn já gritando.

- Mas vai molhar tudo.... - Jasmyn me interrompeu.

- Em-pur-ra a ti-ge-la!!! - Ela disse sílaba por sílaba como se fosse esplodir.

- Tá bom! - Empurrei a tigela que caiu com tudo no chão se quebrando e a água podre de espalhou por todo lugar.

     Porém lá estava o corpo de Jasmyn, só estava molhado... Mas aparentava perfeito, com arranhões mas pareciam que tinha acabado de serem feridos. Nisso escutamos passos. 

- Menino!? O que você está fazendo aí?? - A tal da Del Glace gritou comigo. - COMO OUSA MEXER NO MEU CORPO?! - Completou ela mais irritada ainda se referindo ao corpo de Jasmyn.

- Caramba Jasmyn! Esqueci que ela só pode ver apenas eu. - Disse em voz alta.

- Jasmyn?? - Questionou Del Glace. - Essa garota está aqui??? 

- Mas agora... - Disse Jasmyn delicada. - Ela vai poder ver a mim também.

- Não.. Jasmyn se você está pensando em voltar pro seu corpo, eu sinto muito mas acho que não tem com...

- TEM SIM!!! - Jasmyn me interrompeu gritando, as atitudes dela começou a parecer as de outra pessoa. - Mas vou precisar de uma pequena coisa sua em troca... - Jasmyn voltou com a sua voz delicada mais uma vez. - QUEM SABE A SUA VIDA!!! - Gritou Jasmyn.

     Enquanto Jasmyn gritava ela pegava minha mão e elevava ao seu corpo posicionando meus dedos no seu pescoço em sua pulsação. Eu comecei a sentir pequenos choques em todo meu corpo que aumentava mais cada vez que eu me sentia fraco, e a cada vez que eu ficava mais fraco, a pulsação do pescoço de Jasmyn ia aumentando cada vez mais, até que pude sentir sua pulsação normal dela enquanto meu corpo ficava pesado como se um carro tivesse passando por cima. Meu cérebro armazenou a cena do acidente de Jasmyn e a última coisa que eu pude ouvir foi.

- Fala aí titia Glace. Estou de volta. - Disse Jasmyn já no seu corpo normal, deitada com cara de vingativa com o olhar fixo para o teto.


     Minha visão sumiu.

Continua....