Summertime Sadness

sábado, 4 de janeiro de 2014

Capítulo 6 - You Will Die


"Dizem que existe uma lenda chamada "A Lenda do Intercâmbio". Onde  jovens moças vão à viajem de intercâmbio. E na lógica os alunos poderiam se alojar na universidade, em casa de família ou em casas normais pra ficar sozinho. Entre uma dessas casas existe uma chamada "Morte no Câmbio" na qual é vista apenas como uma casa normal, mas quem entra, morre. "


Mullingar 5 de Janeiro de 2014.

Narrador POV

     "As long as you lo lo lo lo lo lo la la la la la lo lo lo love me love..."

- Alô?.. Ah, oi Carry o que te levou a me acordar às 04:57 da manhã?! - Disse Niall coçando os olhos.

- NIALL!! PELO AMOR DE DEUS VOCÊ TEM QUE VIR AQUI EM CASA!!! - Dizia Carry desesperada no outro lado do telefone.

Carry POV

- O que você acha que foi isso? - Perguntou Niall.

- Ah Niall, sei lá. Você acha que eu te chamei por quê? - Resmunguei.

- Isso é tão estranho... Tinta vermelha no espelho...

- Espera! Isso é francês!! Mensagem subliminar! - Exclamei.

- Tem um dicionário aí?? - Perguntou Niall.

- Tem! - Dei um pulo. - Espera que eu vou pegar!

     Corri pro quarto tropicando em tudo que tinha pela frente, corri pra cômoda e peguei um dicionário inglês/francês. Voltei correndo e vi Niall com a ponta de seu dedo indicador melado de vermelho.

- Isso não é tinta... - Olhou Niall com os olhos assustados.

- Ah Niall! Claro que não! 

- Olha! - Ele melecou de sangue a parte de cima da minha mão esquerda.

- AH NIALL!! PARA! Você não sabe nem de quem é esse sangue. - Disse eu jogando o dicionário pra ele e pegando um guardanapo e limpando minha mão, na parte de cima, o dorso.  Mas quando eu virei para olhar pra palma da minha mão, não fiquei muito feliz não. Vi um corte na palma da minha mão e fiquei apavorada. 

- Que foi? - perguntou Niall.

- Minha... Minha mão... Tá... tá... tá... tá ... 

- Tá arranhado o CD? - Perguntou Niall.

- TÁ CORTADA!! - Joguei o guardanapo na cara dele.

- O SANGUE É SEU???? - Perguntou ele.

- Não sei. - Eu disse ainda intacta olhando pra minha mão que eu abria e fechava.

- MAS É SANGUE E SUA MÃO...

- PARA DE ME APAVORAR NIALL!! - Gritei.

- É... Desculpa. Tá certa, não vou te apavorar não. Vamos ver o que está escrito... - Niall abriu o dicionário. - Qual a primeira palavra? 

- Vous... - Eu disse. 

- Vous é You... Então You... E a próxima??

- Allez...

- Allez é Will... Então You will... Qual a...

- AI MEU DEUS ESSE RECADO É PRA MIM??? EU VOU O QUÊ?? - Perguntei desesperada interrompendo Niall.

- Calma, eu estou aqui com você... Apenas diga a última palavra...

- Mourir... - Eu disse quase que com voz de choro e enquanto Niall procurava.

- Não estou achando... - Disse ele pra me angustiar mais ainda.

- AI MEU DEUS!! 

- ACHEI! - Niall me interrompeu mas logo em seguida não fez uma cara muito boa.

- FALA NIALL!!! FALA! FALA!! FALA !! - Disse eu chegando perto do Niall sacolejando ele tão forte que fez o dicionario cair de suas mãos.

- Morrer... - Disse Niall com o único suspiro que conseguiu pra dizer isso.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHH! - Gritei forte.

Niall POV

     Meus pais não estavam em casa, levei Carry pra descansar no meu quarto. Saí de fininho deixando ela sozinha e fui encarar de frente aquela casa da escada que Carry subiu e levou uma pancada na cabeça. 
     Bati na porta da casa e por um minuto fiquei assustado ao ouvir aporta enferrujada se abrindo e um cara barbudo e branco saindo para fora.

- Oi... É.. Então... - Fiquei sem jeito porque ele não tinha cara de quem bateria em uma jovem.

- O que te trouxe aqui meu jovem? - Perguntou severo.

- Bom... Minha amiga foi acertada por uma pancada na cabeça... E eu queria... - Antes que pudesse terminar fui puxado para dentro daquela casa em imediato a porta foi fechada.

- Meu jovem, não seja amigo daquela moça. Você irá sofrer muito. - Disse o senhor entrando em seu escritório.

- Por que está dizendo isso?? Não posso abandona-la. Sinto que ela precisa de mim, senhor. - Eu disse o seguindo.

- E precisa... - Ele disse sentado-se em sua poltrona.

- Pois, então... - Eu disse também me sentando em uma cadeira a frente de sua mesa.

- Olha, você quer mesmo saber o motivo pelo qual mandei meus mordomos darem uma garrafada naquela garota?

- Da Carry...

- Sim, ela é amaldiçoada. 

- O quê?

- Ela foi induzida ao intercâmbio porque ela está no caminho da morte.

- Sim, ela me disse que está em intercâmbio. Mas eu não entendo o porquê você está dizendo isso.

- A casa que ela está... É uma casa amaldiçoada. Até a segunda garota que foi pra lá, eu ainda fiz amizade.

- Como assim??

- A casa faz muito tempo. Eu era jovem, como você. E conheci uma menina linda. Ela era da Austrália, me apeguei muito a ela. Quando certa vez, ela começou a mudar o jeito dela, parecia assustada, apreensiva... Mas ela nunca me contava o porquê. Eu gostava muito dela, mas não vamos esquecer o fato de que ela nunca me tratou bem... Seu nome era Diana Marie, sempre durona, nunca se apaixonava por ninguém. Até que um dia eu fui visita-la naquela mesma casa. Era o último dia de seu intercâmbio, ela estaria partindo para Austrália logo à tarde, se eu não a tivesse encontrado deitada no chão ensanguentada, com o rosto deformado... Enfim, te pouparei dos detalhes. Achei o diário ela e me limitei para não ler, ela não iria gostar. Saí daquela casa onde ninguém foi buscar seu corpo. Primeiro que a casa não é localizada por GPS nem mapas...

- Meu... Meu Deus.... - Eu dizia sem palavras ao ouvir tudo aquilo.

- Continuando... Eu nunca soube do que aconteceu com seu corpo. Um mês depois veio uma nova visitante. Fazendo intercâmbio.  Essa era Dulce Dominique, francesa. Não nos vimos muito, nem nos falamos. Nos últimos dois meses que ela passava aqui eu ainda comecei a falar com ela, parecia que meu trauma estava passando. Até que aconteceu a mesma coisa com ela... Ela morreu e eu peguei o seu diário. Desde então, eu moro aqui a muito tempo, igual aquela casa. Sempre vem meninas assim, o governo sempre acha que é uma casa normal, mas... Mas não é e nunca será. 

- Não sei nem o que dizer... - Eu disse me achando um trouxa por estar dizendo isso.

- Venha aqui, olhe... - O senhor me levou até um gigantesco armário. 

     Com um passo de mágica apenas apertando em um botãozinho, a porta deslizou-se para o lado, abrindo o armário. E tinham milhares de diários enfileirados lá dentro. Olhei boquiaberto.

- Eu pego o diário de todas. E a pancada na Carry e para afasta-la, porque ela não é uma boa influencia pro meu neto Jake. Essas meninas são como sereias, encantam a qualquer um. Carry tem diário?

- N-Não... Não sei... Vou procurar saber.

- Tudo bem... - Disse o senhor caminhando até a porta. - Agora você não tem nada mais pra fazer aqui pode ir embora e não ouse contar nada para Carry. - O senhor disse dando ênfase em "Não conte nada para Carry". Eu até me assustei.

- Tudo bem, é... Teria um jeito de desfazer a maldição??

- Ah, bem lembrado... Claro que tem. Toda maldição tem. Mas como te disse Diana Marie não era de se apaixonar, era durona. Para desfazer a maldição é apenas com um amor verdadeiro. No qual nem Diana, nem Dulce, nem nenhuma das meninas tiveram. Agora pode ir. - Disse o senhor abrindo a porta.

- Tudo bem... Adeus.

     Saí daquele lugar assustado. Lembrei-me de que Carry estaria dormindo em minha cama ainda. Corri até em casa, abri a porta de casa, abri a porta da sala, abri a porta do meu quarto... CADÊ A CARRY?????

Wolverhampton 5 de Janeiro de 2014.

Liam POV

     Acordei em uma sala vazia, estava escuro, havia apenas o reflexo de uma pequena janela. Eu estava me sentindo... Quer dizer, eu não estava me sentindo.
     Ouvi o barulho da porta se abrindo, era Jasmyn.

- Ah... você  acordou! - Disse ela.

- Ah a falsa chegou! - Completei.

- Eu não sou falsa, eu sou má! - Disse ela batendo a porta. - Não tenho dó de ninguém e só penso em mim mesma.

- Percebi. Se eu ao menos soubesse disso eu... - Tentei mas fui interrompido por Jasmyn.

- Você o quê?! Não havia nada que você poderia fazer!

- Se eu ao menos soubesse... - Ela me interrompeu novamente.

- Mas não sabia! 

- Devia ter escutado meu avó...

- Ah você está morto! Não precisa mais se preocupar com isso! - Disse ela com a maior cara de pau. - Agora saia da minha casa!

- Sua casa?? Desde quando?

- Desde quando você morreu, ontem. Cai fora.

- E a Del Glace??? - Perguntei.

- Ah boa ideia. - Jasmyn saiu do quarto voltando com Del Glace. - Vamos lá minha mãe, minha serva...

- Eu já pedi descul... - Tentou Del Glace

- DESCULPAS POR MATAR SUA PRÓPRIA FILHA?? AHH GÊNIAL!! - Disse Jasmyn fazendo Del Glace abaixar a cabeça. - Agora fala o que eu te ordenei!

- Liam saia da aqui. - Del Glace disse bem baixo.

- Liam, quando você é um morto, você entra em uma casa na hora que você quiser mas o dono da casa, apenas o dono pode te tirar apenas com uma voz DE ORDEM e não uma voz de choro. - Jasmyn deu ênfase no "ORDEM" olhando pra Del Glace.

- LIAM SAIA DAQUI!!!! - Disse Del Glace com raiva de Jasmyn.

     Eu senti algo estranho, minha vista embaçou, escureceu e quando pude ver algo estava do lado de fora da casa, após o portão. Comecei a chorar, estava queimando por dentro de mim, invés de um coração eu tinha uma chama... não sei... mas mais parecia uma chama. Queimava intensamente me fazendo curvar no chão. com a mão no peito e a cabeça encostada na grama. Até que me lembrei que eu corpo estava dentro daquela casa. Ai meu Deus!! Preciso de ajuda... Ai não! Meu avó.... PRECISO IR PARA CASA!!! 
     Andei pelas ruas e isso era tão estranho... As pessoas me ignoravam, obviamente, claro. Elas não estavam me vendo. Eu estava morto.

Londres, 5 de janeiro de 2014

Harry POV

      Bom, consegui um emprego. Jogar não era muito minha praia mas eu sou um bom goleiro. Então eu substituí o goleiro do time do Louis e o goleiro substituiu o falecido Jack. Mas ainda era mais um dia sem o amor da minha vida, eu não sei o que fazer, eu realmente não sei o que fazer. 

- Bom dia! - Disse Louis alegre. 

- Bom dia...

- Cara, eu adorei te conhecer. Sério! E o jogo de ontem foi incrível! Você tinha que ver o jeito que você agarrava. - Dizia Louis todo empolgado.

- Pois é.. - Sorri com o nariz.

- Está tudo bem com você? 

- Sim... - Menti e o silêncio tomou conta por uns vinte segundos. - Quer dizer, não. 

- Por quê? - Perguntou Louis sentando na poltrona da frente.

- Porque eu perdi minha namorada em um acidente de carro... 

- Oh... Eu sinto muito Harry...

- E antes eu tinha tido uma discussão feia com ela... Ela estava bêbada e eu disse coisas que a fez voltar sozinha pra casa ao volante, no meu carro... Me sinto culpado.

- Oh Harry... Não é culpa sua. Quando qualquer coisa é pra acontecer, acontece de toda forma, poderia ter sido após uma discussão de vocês, ou não. - Louis disse tentando me acalmar.

- É... Tem razão, mas eu sinto muita falta dela. - Coloquei as mãos no rosto e segurei o choro até que senti minha touca sair da minha cabeça. 

- Cadê  touca do Harry?! - Disse Louis com um sorriso malicioso estampado perto da janela ameaçando jogar minha touca.

- Ah não! - Eu disse começando a rir. - Minha touca preferida não vai ser jogada do oitavo andar de um prédio.

- Ops. - Louis soltou a touca. - Caiu. 

- AAAHHHH LOUIS VOCÊ VAI VER!! - Eu gritei pulando o sofá pra ir pra cima dele e ele caiu na gargalhada ao mesmo tempo que corria de mim.

- Vamos ver quem chega lá em baixo primeiro?! Eu fico com as escadas. - Disse Louis abrindo a porta e saindo, enquanto eu corria pro elevador mais próximo.

     Eu tava fodido, o Louis é ótimo de corrida e essa porra de elevador não está querendo abrir. Levou uns trinta segundos e abriu. Estava vazio.
     Eu entrei no elevador, onde tinha um espelho e resolvi olhar como estava meu cabelo. Porque quando tira a touca já viu. Fechei os olhos sacudi o cabelo e sentir o elevador parar. Abri os olhos pra ver o que estava acontecendo e dei um pulo de susto ao ver no espelho uma menininha, dos cabelos longos e pretos, usava uma blusa regata rosa, calças pretas e uma sapatilha da mesma cor da blusa. Vendo no espelho que ela estava atrás de mim, me limitei em olhar para trás. 

- Me ajuda, por favor. - Dizia a menina com uma voz de criancinha.

- Ajudar? Em que? - Perguntei ainda nervoso, senti minha voz tremer.

- Você tem medo de mim? - Perguntou ela.

- Não... Quer dizer.. Sim, mas você é só uma miragem no espelho... - Ela me interrompeu gritando.

     Tapei meus ouvidos e o grito dela começou a arder na minha cabeça, ardia muito, como pimenta na língua, senti minha cabeça queimar.

- VAI EMBORA! - Gritei e dei uns cinco segundos e virei para trás.

- TARAM! - Disse Louis impulsivo com um sorriso enorme no rosto de orelha a orelha, com minha touca na mão, enquanto eu dava um pulo pra fora do elevador.

- Eu nunca mais quero pegar elevador. - Eu disse pegando minha touca da mão do Louis.

- Por que?

- Nada demais, trauma de infância. - Disso sorrindo.

- Ah, então tudo bem. - Disse Louis rindo pelo nariz.

- Então... - Comecei eu. - Vamos pelas escadas? 

- Ok.

Bradford, 5 de janeiro de 2014

Zayn POV

     Acordei, tomei café e sai correndo atrasado para poder chegar na hora certa na escola. Droga. Perdi o remanejamento automático, agora preciso ficar correndo atrás de vaga. Já são 12:19AM e a escola fecha às 1:00PM nas férias. Ah, eu mereço isso mesmo.
     No caminho, vi Lotie andando na mesma direção que eu, então tratei de apressar os passos e acompanha-la.

- Olá! - Disse chegando ao lado dela.

- Oi... É... Zack?

- Não... - Sorri de canto. - Sou Zayn. 

- Ah, diferente. 

- O quê? - Perguntei e ela sorriu me olhando torto.

- Seu nome.

- Ah sim sim... Meu nome. - Eu disse e ri.

- Pra onde está indo? - Perguntou Lotie.

- Para o colégio aqui da rua de trás e você?

- Também. Quero me matricular lá.

- Ah! Que ótimo, agora vamos nos conhecer melhor. - Disse eu.

- Pois é.

     Chegamos na escola e a secretaria estava fechada corremos pro outro lado do corredor, onde o cara que ficava lá estava trancando a porta.

- Moço por favor! - Disse Lotie.

- Nós podemos conversar com você? - Perguntei.

- Eu já estava saindo... Mas tudo bem porque meu horário de sair é mais tarde. Por favor entrem. 

     Entramos na secretaria, lá não tinha nada demais, só um monte de papéis e coisas do tipo.

- Bom, queremos saber se tem vaga para de manhã. - Perguntou Lotie.

- Bom, temos sim. Sorte de vocês. Tenho três vagas sobrando.

- Eba! - Disse eu enquanto o cara pegava um monte de papel empilhado que deviam ser fichas escolares e separava alguns.

- Bom, muitos alunos saíram da escola, perderam a vaga, ou por outro motivo. - Disse ele separando umas fichas. - Vocês estão com a ficha de vocês aí?

- Estamos! 

- Então podem me dar... - Entregamos a ficha pra ele.

     Ele tirou uma ficha do monte e colocou Lotie no lugar. E tirou outra ficha pra colocar a minha... Espera... Eu vi direito ou eu to alucinando??! A ficha que ele acabara de tirar era de Angel Shayler.

- Pronto. Estão matriculados. - Disse o moço devolvendo alguns papeis que tirou da nossa ficha. - Esses ficam com vocês. - Completou. - Agora vamos.

     Saímos da secretaria e eu ainda estava meio intacto. 

- Muito obrigada. - Disse Lotie.

- De nada. Bem vindos à nova escola.

     Eu sai andando junto com a Lotie, que do nada resolveu se soltar e tagarelar sobre o tanto que estava animada sobre a nova escola. Mas eu ainda estava tão concentrado no que eu vi lá na sala da secretaria que eu nem tava dando muita atenção.

- Zayn? ZAYN VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO???? - Lotie gritou, chamando atenção de todos na rua.

- Ah.. Sim. Estou sim, desculpa.

- O que aconteceu? Você está pálido. Seus olhos estão assustados desde que saímos lá da secretaria. O que aconteceu? 

- Nada de mais, Lotie. Nada de mais... Então, continue contando sobre o que você estava falando.

     Despistei Lotie e continuei pensando sobre como pegar aquela ficha de Angel. E também sobre...  se o cara separou a ficha dela e colocou a minha no lugar é porque ela não estuda mais lá, mas eu estou indo estudar na escola que a Angel estudou... Não acredito...


Continua... 
    No mês de dezembro não deu tempo de postar dois capítulos. Mas geralmente eu posto dois capítulos por mês. Se puderem comentar, comentem, se está bom ou ruim, falem. Muito obrigada. :) 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Capítulo 5 - Del Glace


"Acordei desesperado, tive um péssimo sonho. Tudo que eu menos queria ouvir estava ali diante ao meus ouvidos "Não foi um sonho". Bom, pelo menos eles não viram o que eu vi. Se contasse a eles sobre a menina que anda aparecendo pra mim, sobre as vozes ardentes em minha cabeça, me chamariam de doido e me colocariam pra fora do estádio."



Londres, 4 de Janeiro de 2014.

Louis POV

     "Não fala com esse cara!"

 Meu nome é Louis Tomlinson.

     "Eu falei pra você não falar com esse cara"

     A voz ardia na minha cabeça como um fogo ardia na pele.

 - Oi Louis Tomlinson.  Sabe onde tem algum hotel pra mim passar a noite?

- Não sei... Estou com dor de cabeça.

     "Não fala com esse cara!"

- Melhoras... 

- Obrigado... - Disse eu tendo mais umas pontadas na cabeça.

     "Você me desobedeceu."

Haha. Muito engraçado. Como se eu fosse obedecer a uma vozinha na cabeça.

     "Não é apenas uma voz."

- De nada... Au! Meu ombro pesou agora! Parece que cansaram de segurar o céu e colocaram nas minhas costas... Eu realmente preciso de um hotel...

     Olhei para os ombros do menino e lá estava a menina que via ultimamente, brincando com os cachos do garoto, encima das costas dele.

     "E eu não sou apenas uma voz, eu sinto muito pelo seu engano. Por ter me desobedecido acontecerá uma coisa muito ruim quando seu celular tocar... Isso não é nem o mínimo que pode acontecer. Espero que me obedeça mais vezes, que a próxima vez essa desgraça pode acontecer com você."

     A menina sumiu dos ombros do menino e a dor de cabeça pareceu passar, por um segundo que fosse nesse o meu celular começou a tocar. Mas no tempo que eu dei pra me recuperar já fazia um tempo que estava tocando.

- Você não vai atender? - O menino perguntou.

    Eu estava tão concentrado nos meus pensamentos que nem me dei conta que era mesmo pra atender... Antes que pudesse atender o menino puxou o telefone de minhas mãos e atendeu.

- Alô??... Não, não, aqui não é Louis não... Aqui é o.... - Tentou o menino mas eu fiz de tudo pra ele disfarçar e dizer que eu estava dormindo. - Aqui é o secretário de quarto dele, é... Ele está dormindo... Aconteceu algo de grave??... Tudo bem aviso pra ele sim. - O menino desligou o telefone.

- Quem era?? - Perguntei.

- Jully... Julius sei lá... - Disse o menino me entregando de volta o celular.

- Meu técnico! O que ele disse?! 

- Olha... Eu não sei direito porque ele preferiu falar pessoalmente... Não parece coisa boa, é melhor você ir lá no estágio como ele pediu.

- Tá bom! Estou indo... - Eu disse e fui saindo.

     Depois lembrei que o menino não tinha pra onde ir às minhas vistas e impressões. Voltei com o olhar para trás e lá estava o menino, se sentando no meio fio com a cabeça baixa. Parecia estar secando as lágrimas do rosto. Ele levou as mãos ao lado direito do cabelo puxando a franja para o lado esquerdo e nisso inclinou a cabeça e seu olhar se encontrou a mim observando ele. Me aproximei.

- É... Qual seu nome? - Perguntei sentando me ao lado dele.

- Harry. - Disse ele.

- Acho que deve ter uns hotéis lá por perto do estádio... Quer ir comigo?? - Perguntei.

- Sério?! - Disse Harry animado. - Quero sim! Onde fica?? - Perguntou ele.

- Não muito longe! - Disse também animado. - Me segue! 

     No caminho comprei sorvete com o Harry e o filho da mãe jogou sorvete em mim joguei nele também. Passamos em um restaurante onde eu comprei água pra gente e peguei uns guardanapos, não podíamos chegar nessa situação no estágio. 
     A menina tinha sumido, a dor de cabeça também. Eu estava bem e me divertindo até entrar no estágio e ser parado pelo Julius desesperado. 

- Por que você demorou tanto, Louis?! Agora não dá mais tempo! - Disse decepcionado quase chorando me deixando agoniado.

- Mas... Mas o que aconteceu?! - Perguntei agoniado.

- O Jackson... O Jackson... Ele teve uma parada cardíaca e não aguentou... - Disse Julius se lamentando.

     Eu quase esbarrei no choro lá mesmo na entrada no estágio até lembrar:
     "Por ter me desobedecido acontecerá uma coisa muito ruim quando seu celular tocar"

     Juntei os pontos e fiquei desesperado, até lembrar: 
     "Espero que me obedeça mais vezes, que a próxima vez essa desgraça pode acontecer com você."

      Não aguentei e comecei a chorar.

- Mas o que está acontecendo??? - Perguntava Harry agoniado.

- Vem vamos entrar. - Disse Julius tentando se conter.

- Vem Harry! - Puxei ele pelo braço.

     Entramos no estágio indo direto pro vestiário, onde me deparei com Jackson deitado em um dos bancos, já sem respirar. Morto. Coloquei as mãos no rosto e só consegui chorar. Fora a parte de me sentir com a culpa.

- Não querendo ser egoísta... - Disse Damon Halmiton. - Mas temos que pensar em quem vai jogar no lugar de Jackson. - Completou.

- Não temos a menor ideia... Acho melhor cancelar a participação do nosso time. - Disse Julius.

- NÃO!! - Uma suposta reação de Harry me deixou surpreso.

- Quem é você? - Perguntou Damon.

- É meu amigo. - Eu disse ainda com a cabeça baixa.

- Eu posso substituir o Jackson! - Disse Harry.

- Pode? - Perguntei levantando a cabeça.

- Espera. Vocês se conhecem a quanto tempo? - Perguntou Julius.

- É... Desde... - Tentei e olhei pro Harry.

- Desde dos 11 anos. - Disse Harry.

- Mas você não era secretário de quarto do Louis? - Perguntou Julius. - Pelo o que me disse no telefone...

- Espera! - Disse Damon. - Jackson não me disse que tinha secretário de quarto.

- Contratei hoje! - Disse Louis.

- Isso está soando estranho... - Disse Julius. - Mas como não tem saída, vamos testar o  menino.

Bradford, 4 de janeiro de 2014.

Zayn POV

     Eu vi o rostinho de anjo dela e sorri como um bobo, eu estava sentado encima do meu skate com visão das meninas que passeavam com seus cachorrinhos. Mas a Chenny era a mais linda de todas.

- Ow louco apaixonado acorda aí! - Disse John.

- Bela tentativa de me chamar de louco apaixonado! - Eu disse. - Porque se forem escrever uma carta pra você vai começar com "Querido John." o livro mais meloso da época.

- E como você sabe?! Já leu?? - Perguntou John.

- Não... Porém já ouvi falar. - Disse rindo - Já soube notícias daquele teu amigo que desapareceu??

- Amigo do meu amigo.

- Tanto faz.

- Ainda não... A mãe dele procurou pela cidade toda e nada... E a namorada dele também parece que sumiu...

- Ahhh... quem dera eu sumir com uma namorada um dia...

- Isso nunca vai acontecer! - Disse John - Porque você é xonado na Chenny e ela não tá nem aí pra você... - John completou zoando. 

- Não existe só a Chenny de mulher nesse mundo... - Descontraído congelei ao olhar para uma árvore onde se encontrava uma garota sentada encostada escrevendo.

- Vai lá falar com ela... Parece que é uma garota nova aqui do bairro.

- Tudo bem. - Levantei.

     Fui em direção a menina rezando pra ela não ter o humor igual o da Chenny, porque senão eu tava era lascado. 

- Oi... - Disse eu.

- Olá. - Disse a menina formalmente ajeitando seus óculos e olhando para cima.

     Ela tinha os cabelos pretos, olhos meio cinzas, o óculos era de lente transparente, enquanto a borda era preta. Ela usava uma bermuda jeans que parecia confortável pra ela, uma blusa branca, suspensório preto, tênis preto e por pouco e passaria batido uma fitinha preta quase impercebível nos seus cabelos escuros.

- Qual seu nome? - Sentei ao seu lado enquanto ela fixou o olhar no céu parecendo pensar em algo.

- Charlotte Mason. Mas pode me chamar de Char, Lotie ou Tete...

- Gostei de Lotie. - Eu disse a menina sorriu voltando seu olhar ao caderno.

- O meu nome é Zayn. - Eu disse sem jeito. Nunca levei jeito pras meninas.

- Prazer Zayn. - Lotie disse levantando a cabeça fixando o olhar em mim enquanto falava e logo voltou ao seu caderno.

- Escrevendo no diário?? - Perguntei.

- Não é bem um diário.. É só um caderno que eu estou escrevendo umas lembranças não muito boas que eu tive na minha antiga cidade, e irei queimar as folhas depois.

- Nossa... Foi tão sério assim que fez sua família se mudar. - Mal terminei a frase e ela levantou rapidamente seu olhar para um ponto fixo.

- Na verdade eu fugi. - Disse ela levantando e eu acompanhei o movimento.

- Pra onde está indo?? 

- Pra casa. - Lotie saiu correndo.

- Ei, espera! - Ela ignorou minha voz no tom alto. - Nem me passou seu numero. - Disse num tom mais baixo.

- Eu ouvi isso! - Ela disse sem olhar para trás e seguiu seu caminho.

     Voltei para onde John estava.

- E aí cara? Conseguiu alguma informação??

- O nome dela é Charlotte Mason, posso chama-la de Char, Lotie ou Tete. Veio de outra cidade, quer dizer, fugiu de outra cidade e vai queimar as folhas do acontecido escrito no seu caderno.

- Já pode escrever uma Wikipédia viu Zayn!

- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA NO.

- Porra...

Mullingar 4 de Janeiro de 2014.

Niall POV

     Terminei o meu café da manhã e olhando pela janela minha esperança de que onde eu enterrei o Nico estaria intacto, mas não... O buraco estava aberto.
     Corri para o jardim que centralizava na frente da minha casa, olhei o buraco e saudades Nico. Não estava mais ali. Até que senti algo lambendo minha perna e um leve...

- Oi... - Era a mesma menina que me pediu informação, que me atropelou e que matou eu cachorro que por um  milagre estava ali lambendo minha perna.

- Oi! - Eu disse pegando Nico no colo.

- Fiquei preocupada com você ontem e vim até a sua casa o mais rápido possível mas já era muito tarde da noite e resolvi nem bater pra pedir desculpas. Até que eu ouvi um choro canino meio abafado e ...

- Isso é impossível!! Ele parecia morto. - Afirmei.

- Vai ver estava só desmaiado e na correria você não pode perceber.

- Mas..

- Meu nome é Carry. Carry Styller, prazer. 

- O prazer é todo meu, Niall Horan. 

- Bom.. Você foi pra escola ontem... - Disse Carry sentando-se no gramado e eu fiz o mesmo deixando o Nico ir brincar.

- Sim... - Afirmei eu.

- Mas não está tendo mais aulas ou está?

- É que... - Dei uma risada de leve - Estou de recuperação. 

- Ah sim... - A menina não se conteu e começou a rir.

- Que foi?? 

- Nada. - A menina disse me olhando, seu rosto era sereno e limpo.

- Bom... E você? O que faz aqui em Mullingar??

- Intercâmbio... 

- Ah sim... Deu pra perceber o seu sotaque. 

- Pois é...

"Woof woof woof"

     Nico latia pro nada e eu achei meio estranho até que ele veio até nós e começou a latir também. 

- Acho que ele está chamando a gente. - Disse Carry.

- Então vamos atrás dele.

     Fomos atrás de Nico e entramos em um beco, que só era escuro demais pra estar de dia.

- Não tem nada  aqui. - Disse Carry.

- É... parece que está vazio.

     Nico latiu para cima  onde vimos uma escada que dava direito a uma janela que cujo a cortina acabava de se mexer.

- Será que ele quer que a gente suba?? - Perguntou Carry.

- Eu subo. - Disse eu tentando levantar a perna para o degrau da escada que ficava um tanto longe do chão mas por motivos do acidente de ontem senti uma pontada na barriga e não pude evitar o gemido de dor.

- Deixa que eu vou. - Carry subiu as escadas até lá encima.

    Nico não parava de latir e Carry chegou até a janela. Nico se calou por uns estantes, ouvi um barulho de vidro sendo quebrado. Carry despencou das escadas lá encima e por um estante vimos Nico latindo desesperadamente de novo enquanto Carry caia no meu colo.

     Sai daquele beco correndo com Carry desmaiada em meus braços.

Wolverhampton, 4 de Janeiro de 2014.

Liam POV

     Muito legal isso. Meu avô me proibiu de ver Jasmyn. Mas eu precisava, tinha de ter como. Fui no banheiro lavei o rosto até que vi um vulto passar por detrás de mim, pelo espelho.  Sacudi minha cabeça, não devia ser nada demais.
     Saindo do banheiro esbarrei com alguém. Fui pro lado esquerdo, esse alguém foi também, fui pro lado direito e esse alguém foi também. Até que parei para reparar o rosto desse alguém. Levantei devagar a mão direita aberta enquanto esse alguém fazia o mesmo, era como um espelho. Olhei nos olhos dele, peguei no meu cabelo e ele me imitava em tudo que eu fazia. Era eu, uma cópia de mim.

- Não se assuste.

- Não estou assustado. - Menti.

- Sou a sua cópia. Prazer, Liam.

- Tá, tá bom "cópia" - Fiz aspas com os dedos - O que está fazendo aqui??

- Bom... Vim pra lhe ajudar.

- Me ajudar?! Em que?

- Com a Jasmyn.

- Ah é.. Droga! Meu avô me proibiu de vê-la. 

- Mas eu tenho um jeito! - Disse a minha cópia tramando e eu olhei torto já imaginando.

- Não é o que eu estou pensando não, né?! - Perguntei.

- Mas claro! Seu avô também é medium, ele pode me ver...

- Mas ele vai desconfiar que não sou eu. Até porque eu sou humano e você é uma miragem. - Falei.

- Tá bom, não esfrega na cara que dói. - Disse minha cópia e eu fiz cara de desentendido - E aí? Vai topar?? Eu fico deitado, fingindo que sou você dormindo seu avô não vai precisar me tocar.

- Tá bom, tá bom! Mas só pela Jasmyn. - Afirmei.

     Vesti uma blusa xadrez verde com branco, uma calça jeans e um tênis qualquer. Peguei o papel com o endereço localizado do carro e sai pela janela.

     Andei pelas ruas tranquilamente até achar Jasmyn, sentada na calçada, como sempre.

- Por que demorou tanto? - Perguntou ela.

- Desculpe. Tive uns problemas com meu avô... Mas nada demais.

- Tudo bem Liam... Conseguiu o endereço?

- Sim. 

- Então vamos!

- Espera... Você pode ir??

- Sim, se eu pegar na sua mão, você pode me levar até lá. Afinal meu corpo está lá.

- Tudo bem vamos.

     Passando-se uns minutos, chegamos na tal casa. Ela estava conservada. Pareciam ter reformado recentemente. E tinha um carro...

- Olha!! Aquele carro que trouxe meu corpo pra cá! - Disse Jasmyn.

- Essa casa é grande! Você tem ideia de onde seu corpo está? - Perguntei.

- Não faço a mínima ideia. Mas devo estar dentro de alguma coisa que conserve órgãos.

- Tipo uma geladeira? - Perguntei porque não entendia bem do assunto.

- É... Tipo isso. - Afirmou ela.

     Demos passos largos e devagar, até que alguém abriu a porta da enorme casa, ou melhor, mansão. 

- Se esconde! - Jasmyn tentou me empurrar mas deu deu muito certo. Porém eu consegui elevar meu corpo para trás de uns arbustos a tempo da mulher não me ver.

     Pelas brechas dos arbustos eu via a mulher que parecia muito má, sua aparência me lembra a Cruella De Vil do 101 dálmatas. Sua voz era irritante como o despertador na matina. 

- Anda Roney!  Precisamos chegar a tempo. - Ouvi a voz da mulher irritante de longe.

- Eles vão sair. - Jasmyn disse parada ainda no mesmo lugar.

- Quem é Roney? - Perguntei.

- Shiu! - Jasmyn me fez sinal de silêncio.

     Roney logo apareceu. Ele tinha o estilo meio Elvis Presley, que logo se dirigiu ao carro e o ligou, dando a meia volta e ficando em direção aos portões. Agora já sei porque eu e Jasmyn... Pelo menos eu consegui entrar. Eles estavam saindo e por isso os portões pretos estavam abertos dando-nos passagem. 
     O carro logo passou perto dos arbustos que já ficavam após e bem perto do portão, não demorando muito pro carro sair. 

- Tá! Eles foram, é nossa chance!! - Disse Jasmyn que saiu correndo em disparada para a porta da casa e eu fiquei ali parado que nem um bocó vendo os portões se fecharem.

- Como nós vamos sair daqui depois?? - Perguntei indo em direção a Jasmyn.

- Se eu fosse você não me preocupava muito com isso não hein. 

- O que quer dizer com isso?? - Jasmyn apenas abaixou a cabeça e riu colocando a mão na boca.

- Toma isso. - Ela tirou um grampo dos cabelos e me deu ele em minhas mãos. O grampo que por um passe de mágica ao deslizar em minhas mãos tornou-se tocável e real. Parecia sonho.

     Após enfiar o grampo na fechadura da porta e com muito esforço, conseguimos entrar. A casa era sombria e estranha. Os quadros na parede pareciam não ver um pano humido há anos, os sofás estavam todos destampados. O lugar era seboso e nojento, cheio de caveiras, pareciam mais que tínhamos entrado no trem fantasma. Mas ainda sim a televisão era plasma, HD e parecia 3D também. Era uma mistura de coisas eletrônicas com móveis velhos. E a casa só era reformada por fora, deu pra ver isso subindo as escadas. Estava tudo muito silêncio.

"nhec"

     Ouvindo esse barulho Jasmyn se assustou.

- O que é isso? - Perguntou ela quase sussurrando em meio o silencio.

- Foi só o meu peso contra os degraus dessa escada que... 

     Fui brutalmente interrompido pela escada que se rompeu quebrando totalmente o silêncio. Simplesmente abriu-se um buraco na escada, devido ao meu peso, eu estou tão gordo assim?! A escada que é fraca mesmo, foi pedaço de madeira impodrecido pra tudo quando foi lado, dei sorte que como sou muito gato eu caí em pé. Ali é como se fosse um porão.

- LIAM!!! VOCÊ ESTÁ BEM NÉ?? - Perguntou desesperada Jasmyn lá de cima.

     Olhei pra ela, olhei pro lado e me assustei dando perfeitamente um grito alto e grosso.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHH! 

     Vi o corpo de Jasmyn dentro de uma enorme tigela transparente parecidas com aquela que tem na sua cozinha com biscoitos dentro pequenininha. Mas essa era tamanho real. Agora vocês me perguntam porque eu gritei tanto vendo isso. Agora eu respondo pra vocês que a tigela era tamanho real, do tamanho da Jasmyn, com o corpo dela lá dentro sendo conservado.

- Desce aqui!! - Disse eu gritando para cima. - Achei seu corpo.

     Jasmyn simplesmente pulou, nesse barulho todo veio o cachorrinho latindo. Um poodle cinza escuro que parecia envelhecido. O latido dele também era irritante, ardia com cada miolo do seu cérebro. 

- AI MEU DEUS MEU CORPO!! ACHEI ACHEI!! - Disse Jasmyn.

- De nada. 

- Obrigada Liam! - Disse ela.

- O que faremos agora com esse cachorrinho latindo???

- Ai meu Deus! É mesmo! - Disse Jasmyn - Esse é o cachorrinho cão de guarda, tem um chip dentro dele, é como se fosse um alarme. Se a casa for invadida ele late trazendo Del Glace de volta!!

- Del Glace?? Esse é o nome dela?? 

- Sim! Mas não temos tempo pra pensar nisso. - Disse Jasmyn tentando pegar um banco - Droga! Esqueci que não posso tocar em coisas reais. 

- Eu ajudo! - Peguei o banquinho.

- Sobre encima dele e abre a tampa da tigela. 

- Sério isso?? - Perguntei.

- Muito sério!! Anda Liam! Estamos correndo contra o tempo.

- Tá bom, tá bom!!

     Abri a tampa da tigela que fedia como algo tão podre que eu nunca tinha sentido antes.

- Rápido empurra a tigela!! - Disse Jasmyn já gritando.

- Mas vai molhar tudo.... - Jasmyn me interrompeu.

- Em-pur-ra a ti-ge-la!!! - Ela disse sílaba por sílaba como se fosse esplodir.

- Tá bom! - Empurrei a tigela que caiu com tudo no chão se quebrando e a água podre de espalhou por todo lugar.

     Porém lá estava o corpo de Jasmyn, só estava molhado... Mas aparentava perfeito, com arranhões mas pareciam que tinha acabado de serem feridos. Nisso escutamos passos. 

- Menino!? O que você está fazendo aí?? - A tal da Del Glace gritou comigo. - COMO OUSA MEXER NO MEU CORPO?! - Completou ela mais irritada ainda se referindo ao corpo de Jasmyn.

- Caramba Jasmyn! Esqueci que ela só pode ver apenas eu. - Disse em voz alta.

- Jasmyn?? - Questionou Del Glace. - Essa garota está aqui??? 

- Mas agora... - Disse Jasmyn delicada. - Ela vai poder ver a mim também.

- Não.. Jasmyn se você está pensando em voltar pro seu corpo, eu sinto muito mas acho que não tem com...

- TEM SIM!!! - Jasmyn me interrompeu gritando, as atitudes dela começou a parecer as de outra pessoa. - Mas vou precisar de uma pequena coisa sua em troca... - Jasmyn voltou com a sua voz delicada mais uma vez. - QUEM SABE A SUA VIDA!!! - Gritou Jasmyn.

     Enquanto Jasmyn gritava ela pegava minha mão e elevava ao seu corpo posicionando meus dedos no seu pescoço em sua pulsação. Eu comecei a sentir pequenos choques em todo meu corpo que aumentava mais cada vez que eu me sentia fraco, e a cada vez que eu ficava mais fraco, a pulsação do pescoço de Jasmyn ia aumentando cada vez mais, até que pude sentir sua pulsação normal dela enquanto meu corpo ficava pesado como se um carro tivesse passando por cima. Meu cérebro armazenou a cena do acidente de Jasmyn e a última coisa que eu pude ouvir foi.

- Fala aí titia Glace. Estou de volta. - Disse Jasmyn já no seu corpo normal, deitada com cara de vingativa com o olhar fixo para o teto.


     Minha visão sumiu.

Continua....